A escrita é a lente da alma de Talita Vieira, sua ponte entre mundos

Seja derramando fé em versos ou transformando o cotidiano em poesia ilustrada, Talita Vieira — ou Autora Tháta, como é conhecida nas redes sociais — é uma voz que ecoa além da ficção. Professora da EJA, mãe dedicada e atuante no ministério infantil de sua igreja, ela faz da escrita um reflexo de sua espiritualidade e um instrumento de transformação.
Autora das obras “Joio Joio Joio Trigo” e “Sou Ventania, Sou Poesia”, publicadas de forma independente, Talita constrói narrativas em que o amor, a fé e o propósito ganham corpo nas palavras. Entre um capítulo escrito de madrugada e um chimarrão que acompanha suas ideias, Tháta faz da literatura um espaço sagrado — onde pulsa o humano, o divino e o simples.
Seu trabalho mais recente, o livro “Clichê, com amor”, traz quatro histórias entrelaçadas por sentimentos profundos — e uma delas, “50 tons de clichê +1“, está sendo publicada em capítulos na página Folhetim do nosso site.
Nesta edição da Folhas Soltas Entrevista, Tháta nos convida a mergulhar em sua jornada: da infância marcada por Turma da Mônica à inspiração nos versículos bíblicos, passando por rompantes criativos que viram capítulos inteiros ao amanhecer. Com exclusividade, ela compartilha suas influências, paixões e sonhos literários — além de valorizar outras vozes independentes que, como ela, têm feito da escrita uma missão.
Prepare-se para conhecer a autora que escreve com a alma, lê até listas de supermercado dos seus autores preferidos e transforma palavras em pontes de esperança.
Agora, confira na íntegra a entrevista com Talita Vieira, a mente e o coração por trás da Autora Tháta.
Entrevista com Talita Vieira

FS: Quem é você quando não está escrevendo?
Tháta: Quando não estou lecionando (sou professora da EJA Campo) ou imersa em alguma escrita, sou, antes de tudo, uma esposa e mãe de dois filhos. Com eles aprendo diariamente sobre amor, paciência e o valor dos pequenos detalhes da vida. Essa dinâmica familiar é meu alicerce. Além disso, é no ministério infantil da minha igreja que encontro minha recarga e conexão com o propósito maior. Ensinar as crianças é uma verdadeira dádiva, um presente que me permite exercitar a criatividade, a empatia e a alegria de inspirar. Esses diferentes papéis não são apenas atividades, mas pilares que me moldam como pessoa. São minhas riquezas, minha perspectiva de uma vida em serviço a algo além do tangível — e isso traz o equilíbrio essencial para tudo o que faço.
FS: Quando e como a escrita entrou na sua vida?
Tháta: Eu diria que a escrita entrou na minha vida primeiro como uma forma de expressão pessoal (sabe o “não é terapia, mas é terapêutico”?). Sempre tive necessidade de dar voz aos sentimentos, e quando entendi que as palavras bem colocadas podem abrir mundos, isso foi um divisor — e até mesmo uma fuga. Minha paixão pela escrita se aprofundou ao perceber como ela permite comunicar ideias complexas de forma acessível, algo que hoje aplico intensamente na EJA com meus alunos, por exemplo, onde adaptar a linguagem é essencial.
FS: Como nasce uma história para você? De uma ideia, imagem, frase…?
Tháta: Para mim, uma história nasce da observação do mundo ou de uma ideia que começa a reverberar na minha mente. Pode ser uma frase dita, uma história que me contam, uma leitura aleatória, um versículo ou um capítulo — até mesmo um livro da Bíblia (acredite, é uma fonte inesgotável de inspiração), uma pregação que escuto (como a que me fez ligar as engrenagens de Joio Joio Joio Trigo e colocar em palavras algo que eu pudesse fazer meus alunos entenderem) e às vezes até um gesto simples ou uma imagem isolada que me captura. Essa faísca inicial me leva a um questionamento mais profundo: “Por que isso aconteceu?”, “O que há por trás dessa situação?”. É então que a história começa a se desdobrar. A partir dessa curiosidade, eu mergulho, buscando conexões e permitindo que essa semente se transforme em uma narrativa. É um processo de unir o tangível do que observo com o abstrato das ideias que quero explorar — sempre em busca de dar forma ao invisível.
FS: Tem alguma rotina ou ritual de escrita?
Tháta: Infelizmente, não tenho uma rotina de escrita. Posso dizer que não gosto de rotina — mesmo tendo plena consciência de que é extremamente necessário ter, não só na escrita, mas na vida.
Ritual? Não sei se seria exatamente um, mas tenho que estar com a garrafa e a cuia de chimarrão ao lado enquanto escrevo. Menos quando é madrugada e acordo com ideias e tenho que escrever para não esquecer — acredita que às vezes saem dois capítulos inteiros nesse rompante? E eu amanheci como? Cansada, fadigada, com sono e lerda, maaas… satisfeita.
FS: Você já publicou alguma obra? Onde os leitores podem encontrá-la?
Tháta: Sim. Tenho duas obras publicadas na Amazon.

Minha primeira publicação é uma historinha ilustrada que fiz inspirada na realidade dos meus alunos da EJA. É uma leitura simples, rápida e de fácil entendimento: Joio Joio Joio Trigo
A outra publicação é a expressão pura de sentimentos que transformei em poemas. São o que chamo de “gritos não ditos”: Sou Ventania, Sou Poesia

FS: Qual das suas obras tem um lugar especial no seu coração — e por quê?
Tháta: Seria muito clichê dizer que todas elas são especiais? Cada uma tem sua peculiaridade, seu tema e uma vida própria. Mas todas elas têm apenas um objetivo: levar em palavras, sonhos e/ou devaneios a consciência de algo maior que a nossa existência — um amor puro e verdadeiro. O amor de Deus.
FS: Quais autores ou autoras te formaram como leitora e escritora?
Tháta: No início da minha jornada como leitora (não vou falar da infância, onde Maurício de Sousa reinava junto à Turma da Mônica), na vida jovem adulta foi Clarice Lispector quem me desarmou. A forma como ela explora a profundidade da alma humana, as sutilezas do cotidiano e a busca por sentido me ensina que a literatura pode ser um espelho e um bisturi, revelando camadas de existência que eu nunca havia percebido. Ela me mostrou a capacidade de sentir nas entrelinhas, de me expressar com palavras escritas (já que sou péssima em interações).
Mas ela é clássica e um ícone. Então, tirando os nomes mais literários — e é óbvio, os autores inspirados da Bíblia e o autor principal dela (o qual eu espero que seja o verdadeiro autor das minhas autorias) —, sou muito impactada por autores que trazem a perspectiva da esperança e da transformação através da palavra. Atualmente tenho tido experiências extraordinárias com autores independentes brasileiros. Com a diversidade e profundidade deles, estou sendo inspirada e impulsionada a buscar a beleza nos pequenos detalhes e a escrever com paixão, unindo meu eu leitora ao meu eu escritora.
FS: E hoje, quem você costuma ler? Algum livro recente que te marcou?
Tháta: Como disse anteriormente, tenho tido experiências únicas com autores brasileiros. E quando digo autores, quero dizer que leio até lista de supermercado de um autor que me cative. Por exemplo, tem uma autora chamada Dado Martins que, com sua escrita maravilhosa, me inspira — e eu leio um exemplar dela todo mês. Tem Carla Madeira com uma genialidade que foi meu trauma literário. E muitos outros que não caberiam em uma só entrevista.
FS: Em uma frase: o que a escrita representa para você?
Tháta: A escrita é a lente da minha alma; ela organiza meus pensamentos e conecta meus mundos, permitindo que o propósito e a inspiração ganhem vida em cada palavra por mim escrita.

FS: O que podemos esperar de você nos próximos capítulos?
Tháta: Nos próximos capítulos, podem esperar de mim um compromisso contínuo com o aprendizado e a evolução em todas as esferas da minha vida. Pretendo aprofundar minha jornada com a escrita, explorando novos gêneros e projetos que me permitam dar voz a histórias que sinto que precisam ser contadas.
Em essência, neste projeto, podem esperar muitos clichês com amor de uma pessoa em constante movimento, buscando equilíbrio e sempre com o desejo de crescer, inspirar e gerar um impacto positivo por onde minhas palavras passarem. Meu grande objetivo é levar o amor puro e verdadeiro de Deus ao coração de cada leitor.
Para finalizar…
FS: Indique três autores independentes que merecem ser lidos:
Tháta:
Dado Martins – @martins.dado
Tati Eleotério – @tatinees83
Lucy Trento Amaral – @lucytrentoamaral
FS: Um trecho de fé, gratidão e propósito:

“Pai, agradeço pelo chamado que recebi para ser sal da terra e luz do mundo. Sei que não sou capaz por minhas próprias forças, mas em Ti encontro tudo o que preciso. Que minha vida seja um instrumento nas Tuas mãos, trazendo sabor àqueles que ainda não Te conhecem e dissipando as trevas com a luz da Tua verdade.
Gratidão, meu Senhor, pela oportunidade de participar deste projeto e, junto a essa equipe maravilhosa e abençoada, espalhar palavras de alento e entretenimento.”
Siga a autora no Instagram: @autorathata
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