Um clássico sombrio para aquecer noites frias — e inquietar a alma

📖 Dica em Folha: Drácula, de Bram Stoker

Nas noites frias, em que a casa se torna refúgio e o vento canta nas frestas, há livros que parecem nascer para serem lidos sob a penumbra. Drácula, de Bram Stoker, é um desses. Publicado em 1897, o romance não apenas definiu o arquétipo moderno do vampiro, como também ofereceu uma das mais engenhosas arquiteturas narrativas da literatura gótica.

A história não é contada de forma linear, nem por um único narrador. O leitor mergulha em um romance epistolar, construído a partir de diários, cartas, telegramas e recortes de jornais. Essa escolha narrativa dá ao texto uma sensação de realismo inquietante — como se estivéssemos desenterrando um dossiê de eventos sobrenaturais que, talvez, tenham realmente acontecido. A fragmentação da narrativa também amplia o suspense: a verdade vai sendo revelada aos poucos, e cada ponto de vista lança nova luz sobre os mistérios do Conde.

Entre os narradores, conhecemos Jonathan Harker, o jovem advogado que viaja à Transilvânia e tem o primeiro contato com Drácula em seu castelo sinistro. Mina Harker, sua esposa, é uma figura central — inteligente, determinada, sensível — e talvez uma das personagens femininas mais marcantes do século XIX. Há ainda o corajoso e racional Dr. Van Helsing, o amigo leal Arthur Holmwood, o impulsivo Quincey Morris e o trágico Dr. Seward, médico de um asilo onde o perturbador paciente Renfield guarda pistas cruciais. Cada um contribui com fragmentos que se somam como peças de um quebra-cabeça sombrio.

Mas Drácula não é apenas sobre o medo do desconhecido. É também um retrato das tensões da época: a ciência confrontando o sobrenatural, a Inglaterra vitoriana diante dos horrores vindos do Leste europeu, o papel da mulher em transformação. A cada nova leitura, essas camadas emergem com mais força — e é por isso que vale revisitá-lo. O que era terror, pode agora ser crítica social. O que era apenas enredo, pode se revelar símbolo. Um trecho que sempre arrepia:

“Ouvia um uivo prolongado como nunca antes ouvira, vindo de algum lugar lá embaixo, no vale — um uivo que subia e descia como o lamento de uma alma condenada. Os lobos! Era o som dos lobos, e o Conde sorria…”

Ler Drácula é aceitar o convite para uma travessia — sombria, sim, mas hipnotizante. É sentir o peso das sombras, o arrepio da dúvida, e a beleza trágica do desconhecido. E mesmo que você já tenha enfrentado essa névoa antes, voltar a ela é se perder de novo — e encontrar o que antes passou despercebido: um gesto, um sussurro, um presságio. Porque Drácula não se lê uma vez só. Ele espera. Ele retorna. E cada releitura é como ouvir um velho inimigo chamando pelo nome — mais íntimo, mais perigoso. Uma leitura perfeita para o inverno, que aquece… justamente por nos gelar até os ossos.


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